Dentista é indiciado por fazer empréstimos em nome de pacientes para lavar dinheiro de facção em Porto Alegre
10/09/2024
Dyego Matielo foi responsabilizado pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Defesa afirma que 'licitude das atividades profissionais' do dentista será demonstrada na Justiça. Dentista Dyego Matielo, indiciado pela Polícia Civil em Porto Alegre
Reprodução/Instagram
A Polícia Civil indiciou um dentista, na segunda-feira (9), por fazer empréstimos em nome de pacientes para lavar dinheiro de uma facção em Porto Alegre. Dyego Matielo, de 43 anos, foi indiciado pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
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O dentista respondeu ao inquérito em liberdade. O advogado José Henrique Salim Schmidt, que representa Matielo, afirma que "o indiciamento foi recebido com tranquilidade pela defesa, visto que não há novidade sobre os fatos investigados" e que "a licitude das atividades profissionais será devidamente demonstrada perante o Poder Judiciário".
A apuração da polícia aponta que ao menos 10 pacientes tiveram o nome usado pelo dentista. Ele contrataria empréstimos em nome dos clientes e não pagaria as dívidas. As cobranças chegavam para as pessoas, causando prejuízo para as financeiras e para os pacientes.
De acordo com a investigação, o dentista usava endereços e telefones fictícios no cadastro feito com o nome dos pacientes para atrapalhar a financeira. A polícia ainda sustenta que o dentista pegava empréstimos junto a agiotas da facção e depois pagava os juros diretamente aos integrantes do grupo criminoso.
Com mais de 50 mil seguidores nas redes sociais, o profissional se declara como "especialista em transformar sorrisos". Matielo oferece cursos e publica fotos com jogadores de futebol e influenciadores atendidos em seu consultório.
Entenda o caso
De acordo com a polícia, o profissional teria envolvimento com uma organização criminosa, auxiliando o grupo na lavagem de dinheiro obtidos através de crimes. Em agosto, três suspeitos foram presos em uma operação.
O dentista usaria o consultório para lavar o dinheiro do grupo. "Esse indivíduo tinha relações pessoais com alguns membros desse grupo criminoso e passou, então, numa troca de favores, a lavar o dinheiro dessa organização criminosa em troca de alguns empréstimos que ele fazia com a própria organização", disse a delegada Vanessa Pitrez, na época.
No entanto, a investigação aponta que o homem teria contraído dívidas e, em razão disso, usaria os dados cadastrais dos clientes para realizar os empréstimos.
"Nós identificamos que ele, por questões de dívidas, começou a utilizar nomes de pacientes para fazer empréstimos e abrir contas em nome dessas pessoas como forma de angariar mais dinheiro para quitar as suas dívidas", explicou a delegada.
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Relato de paciente
A investigação aponta que o homem pegaria a assinatura dos pacientes em um tablet, como se estivesse realizando o cadastro dos clientes.
"Eu contratei o tratamento no ano de 2021 e, no consultório, quando eu fui assinar o contrato, ele pediu que eu assinasse em um tablet. E ele pegou e jogou todos os meus dados pessoais: nome, CPF, RG. Junto com essa assinatura no tablet, que ela ficou eletrônica", conta a mulher, que prefere não ser identificada.
A paciente disse que descobriu os empréstimos ao ser contatada pelo banco, falando sobre uma dívida.
"Eu descobri que eu tinha caído em um golpe quando, faz cerca de um mês, que eu recebi uma notificação do banco, no meu aplicativo do celular, informando que tinha um boleto", afirma a cliente do dentista.
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